De São Paulo Jornal VALOR
21/11/2007

As empresas de shopping centers foram às compras com os recursos levantados nos IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações). Após realizarem uma série de aquisições, a receita das quatro empresas do setor listadas na Bovespa cresceu 63,3% no terceiro trimestre.
O lucro Lajida (resultado antes dos juros impostos, depreciação e amortização) quase dobrou, com aumento de 90,7% em relação ao terceiro trimestre de 2006. No entanto, o setor é ainda pequeno se comparado a outras indústrias. As quatro companhias - Iguatemi, Multiplan, General Shopping e BR Malls - faturaram juntas R$ 188,3 milhões no terceiro trimestre.
Normalmente, as empresas de shopping utilizam um critério que soma o lucro líquido, a depreciação e amortização, chamado de FFO ( funds from operations), para medir o desempenho operacional dos empreendimentos. "Nas aquisições, a depreciação nunca é levada em conta na avaliação do preço de um shopping center", diz um consultor do setor imobiliário. O FFO das quatro empresas de shoppings negociadas na Bovespa cresceu 114,9% no terceiro trimestre.
As altas taxas de crescimento refletem o acelerado ritmo de aquisições e expansão das empresas do setor. Mas os efeitos nem sempre são positivos na última linha do balanço. A BR Malls, braço de shoppings criado pela GP Investments, registrou um prejuízo de R$ 10 milhões no terceiro trimestre. A General Shopping saiu do vermelho e reverteu uma perda de R$ 4,7 milhões no terceiro trimestre de 2006 em um ganho de R$ 3,7 milhões neste ano.
A corrida por aquisições tende a fazer com que as empresas de shoppings continuem demandando capital. E a oferta de dinheiro será determinante para dar o tom do mercado daqui para frente. Com a maior disputa, os preços dos empreendimentos dispararam, alcançando R$ 15 mil por metro quadrado para empreendimentos de primeira linha. O diretor de relações com investidores da General Shopping, Alessandro Veronezi, diz que a empresa pagou em média R$ 3,2 mil por metro quadrado pelos três shoppings que comprou, na semana passada, da São Carlos e R$ 3,3 mil pelo shopping de Cascavel.
Iguatemi e Multiplan, as mais antigas e consolidadas empresas de shoppings do país, mostraram fortes resultados na última linha. O lucro da Iguatemi, da família Jereissati, foi 124,4% maior no terceiro trimestre, enquanto o ganho da Multiplan, controlada pelo empresário Isaac Peres, cresceu 69%. Por serem as mais tradicionais, as duas empresas possuem shoppings que atingiram a maturidade. (CF)