Disputa inflaciona preços de shopping centers no Brasil
Claudia Facchini
Capitalizadas, as grandes empresas de shoppings estão se engalfinhando na aquisição dos centros comerciais disponíveis e começam a pagar por eles somas que alguns analistas já consideram altas demais. "Um negócio que poderia demorar dois anos para ser fechado - e isto acontecia até meados de 2006 - agora sai em duas semanas tamanha a pressa dos compradores", afirma Odemir Vianna, executivo da área de avaliação e assessoria da CB Richard Ellis, que recebe praticamente uma nova consulta por dia de empresas interessadas na compra ou venda de shopping centers.
O mais forte concorrente tem sido a BR Malls, empresa pertencente à GP Investimentos e líder do setor. A entrada da GP sacudiu o setor e injetou um dinamismo que as empresas tradicionais do setor não estavam acostumadas. Nos bastidores, a agressividade da BR Malls já incomoda. Alguns executivos atribuem, em parte, a inflação nos preços dos shoppings à atitude da companhia. Mas como ninguém gosta de perder um bom negócio, este tipo de crítica era algo previsível.
O que os especialistas ainda não conseguem prever é se os preços continuarão subindo ou se bateram no seu limite de alta. Um dos negócios mais comentados no setor foi a recente aquisição da In Mont, que possuía quatro shoppings no Rio, pela BR Malls. A compra lhe custou R$ 832 milhões.
A pedido do Valor, Vianna calculou que, se for considerada a área bruta locável (ABL) envolvida na operação, a BR Malls pagou R$ 19 mil por metro quadrado. "O preço do metro quadrado nos shoppings de primeira linha gira em torno de R$ 15 mil e R$ 20 mil", diz o consultor. Para alguns analistas, os empreendimentos da In Mont no Rio não fariam parte dessa elite dos shopping centers. Mas, se a BR Malls aceitou o preço, certamente vislumbra obter retorno, diz o consultor.
Para calcular o preço de um shopping, o comprador estima o quanto terá em caixa no primeiro ano e aplica um desconto. Há dois anos, afirma Vianna, esta taxa estava em 12%. Hoje esse desconto está na faixa entre 9% e 10%. "É impossível saber se continuará caindo", diz Vianna.
"A consolidação da indústria se dará mais pela aquisição dos ativos existentes do que pela construção de novos shoppings", diz Alberto Serrentino, da Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo, que realizou nesta semana em São Paulo um seminário sobre o setor. Para os participantes do evento, o efeito que a crise no mercado imobiliário nos Estados Unidos terá no Brasil ainda é uma incógnita. O presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Marcelo Carvalho, diz que a crise não afetará o apetite dos investidores.
Iguatemi, BR Malls, Multiplan e General Shopping aproveitaram a maré de alta da bolsa - anterior à crise gerada nos EUA - e lançaram ações no primeiro semestre. Outras ainda virão, como a Aliansce. De acordo com os balanços referentes ao segundo trimestre, a BR Malls e a Iguatemi são as que têm mais dinheiro no bolso. A Iguatemi tinha R$ 621 milhões em caixa e aplicações e a BR Malls, R$ 518 milhões.
Devido às aquisições, as empresas listadas na bolsa registraram dois dígitos de expansão nas receitas. Na última linha do balanço, Iguatemi e Multiplan saíram-se melhor. O lucro da Iguatemi subiu 232% no primeiro semestre; o da Multiplan, 131%.
Fonte: Valor Econômico - SP - 23.08.07
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Disputa inflaciona preços de shopping centers no Brasil
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