sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mercado de shoppings continua comprador.


Claudia Facchini
Jornal VALOR 06/12/2007

A movimentação na indústria de shopping centers brasileira continua a todo vapor. Por enquanto, dizem empresários do setor, o mercado ainda não foi contaminado pelas incertezas causadas pela crise das hipotecas nos EUA. "A indústria brasileira de shoppings tem uma grande vantagem para os estrangeiros: ela é madura. Mas, como sempre, tudo é uma questão de preço. Se o Brasil ficar caro demais, os investidores deixarão de vir", diz Marcelo Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e principal executivo da Ancar, empresa nacional de shoppings que associou-se em 2006 ao fundo canadense Ivanhoe Cambridge.

Além das aquisições, muitos grupos estão construindo novos complexos comerciais. De acordo com a Abrasce, 12 shoppings foram construídos em 2007 e outros 23 empreendimentos devem sair das pranchetas no biênio 2008/09. Além disso, metade dos 358 shoppings existentes está em expansão.

De acordo com um executivo da CB Richard Ellis (BCBRE), que presta consultoria imobiliária, a empresa continuou recebendo vários pedidos de avaliação de shoppings nos últimos dois meses. Até 2006, a CBRE costumava fazer entre 15 a 20 avaliações por ano. Só neste ano, foram realizadas cerca de 60.

A saída dos fundos de pensão, como a Previ ou a Petros, que acaba de vender sua participação no complexo Market Place para o Grupo Iguatemi, contribuiu para aquecer as aquisições. A expectativa é de que os fundos, que ainda têm ativos para vender, continuarão alimentando o mercado, não só de shoppings mas também de imóveis comerciais.

Segundo uma fonte que está assessorando a venda de três grandes imóveis em Porto Alegre e São Paulo, 35 candidatos interessaram-se pelo pacote, que está avaliado em torno de R$ 100 milhões. Se somadas todas as ofertas apresentadas, a quantia supera R$ 3 bilhões. "Todo este dinheiro está em circulação no mercado, em busca de investimento", afirma o executivo.

Os preços, em contrapartida, não param de subir. Os investidores pediam há dois anos uma taxa de desconto (os juros utilizados para calcular o valor dos empreendimentos) de 15% ou 13%. Hoje, essa taxa já está em 10%.

Mas o mercado continua comprador. Além dos players que já entraram, é esperado que novos investidores cheguem ao país, como a chilena Cencosud. Desde que a empresa comprou a rede de supermercados GBarbosa, a segunda maior na região Nordeste, há uma grande expectativa de que o grupo ingresse também em outros segmentos, como shopping e varejo de material de construção. A Cencosud atua nesses mercados no Chile, Argentina e Colômbia.

Uma das maiores empresas de shopping dos Estados Unidos, a Kimco, está colocando um pé no Brasil por meio de uma parceria com o grupo imobiliário brasileiro Lindencorp, que associou-se em 2006 ao PDG Realty, fundo de investimento controlado pelos ex-sócios do banco Pactual. Nos EUA, a Kimco constrói shoppings de vizinhança e tem uma forte aliança com a varejista Wal-Mart, com quem também atua em conjunto no México. No Brasil, a Kimco já entrou em contato com a filial do Wal-Mart, que é líder nas regiões Nordeste e Sul. No entanto, não há ainda nenhum projeto concreto entre as duas empresas no país.

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