segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rondônia é aposta da Ancar Ivanhoe para driblar a crise.




Rondônia é aposta da Ancar Ivanhoe para driblar a crise
Heloisa Magalhães, do Rio 22/01/2009 Jornal Valor

Em Rondônia, crise passa ao largo. O Estado vem sendo beneficiado pelo crescimento do agronegócio, de obras de infra-estrutura, da construção civil, além da instalação do complexo hidrelétrico do rio Madeira, só este orçado em R$ 12 bilhões. Logo, não foi por falta da atratividade que a capital Porto Velho, com quase 400 mil habitantes, ganhou o primeiro shopping center, em novembro de 2008.

Marcelo Carvalho, da Ancar: grupo investiu no Estado que abriga o complexo hidrelétrico do Madeira e obras do PAC

Uma proposta que para Marcelo Carvalho, co-presidente da Ancar Ivanhoe, responsável pelo empreendimento, viabiliza-se pelo crescimento econômico da região e pelo pioneirismo. O grupo investiu R$ 90 milhões e atraiu para Rondônia as primeiras unidades de redes como Lojas Americanas, Renner, C&A, Marisa, McDonald's, Bob's, Spoleto, Café do Ponto e Vivenda do Camarão.

O Porto Velho Shopping tem, além de quatro âncoras (Americanas, Renner, C&A e Marisa), 150 lojas satélites e os primeiros cinemas da cidade. O secretário de comunicação do governo de Rondônia, Marco Antonio Santi, é entusiasmado com a região. Paranaense, vendeu tudo o que tinha em Londrina, onde morava, e se fixou em Porto Velho. Por telefone, disse que há uma expectativa de a cidade receber nos próximos anos cerca de 100 mil novos habitantes com bom poder aquisitivo, devido aos novos investimentos.

"Não tínhamos mão-de-obra especializada. Um exemplo é o McDonald's. Ainda não foi aberto porque está treinando o pessoal. Todas as lojas treinaram. Muita gente está vindo de fora. A Votorantim está construindo uma fábrica de cimento. Há dezenas de novos condomínios residenciais numa cidade em que 3% dela tinha saneamento básico. Dentro do PAC estão sendo investidos R$ 520 milhões na rede de água e esgoto, sendo R$ 180 milhões do governo do Estado", informa.

A Ancar aposta que Rondônia tem tudo para se tornar um case bem sucedido. No Rio, o grupo também foi criativo na gestão dos dois Rio Design, um no Leblon e outro na Barra da Tijuca. Eram ambos voltados para decoração, o que limitava o público. A Ancar redirecionou os dois para um perfil tradicional, com lojas de vestuário e restaurantes, mas acrescentou um quê de sofisticação. O que poderia ser pouco inovador transformou-se em sucesso. No Leblon, onde o alto poder aquisitivo permite a existência de dois shoppings um em frente ao outro (o outro é Shopping Leblon, do grupo Aliansce) o Rio Design vem crescendo, com novas lojas, como as primeiras da linha infantil da Farm (Fábula) e da Le Lis Blanc. Em breve, lá estarão dois novos restaurantes que se tornaram lugares da moda no Rio, o Da Silva e o Alessandro e Frederico.

Com 10 shoppings próprios e responsável pela gestão de cinco de terceiros, o grupo Ancar foi fundado pela família de Marcelo Carvalho. No passado, era dona do banco Andrade Arnaud. Criado em 1926, o banco foi vendido para o extinto Halles, na década de 70, pelos filhos do fundador, Sergio (pai de Marcelo) e Raul Carvalho.

A família criou a Ancar, cujo primeiro shopping foi o Conjunto Nacional (em Brasília). Em 2006, uniu-se ao grupo canadense Ivanhoe Cambridge, dono de 65 shopping centers em vários países do mundo. Os canadenses investiram R$ 160 milhões na Ancar.

Marcelo Carvalho é cuidadoso com números. O grupo é de capital fechado. Ele informa apenas o faturamento em vendas de todos os shoppings da companhia. Em 2008, totalizou R$ 4,2 bilhões. "Nosso faturamento de aluguel mais do que dobrou em 2008. Uma das razões foi a aquisição de quatro shoppings da São Marcos - o Center Vale e o Interlagos, (ambos em São Paulo), e o Downtown e o Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro."

O empresário, que é também presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) afirma que dos 23 shoppings previstos para serem inaugurados este ano, pelo menos 90% ficarão prontos. Mas quanto aos planos para 2010, ele não é tão taxativo. Para Carvalho, a palavra de ordem é cautela até que fique clara a extensão da crise no Brasil.

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